Curiosamente, um dos símbolos máximos do cinema mundial, a Palma d'Ouro, surgiu apenas dezasseis anos após o nascimento do Festival de Cinema de Cannes, um evento cultural internacional em França, criado em 1939 para rivalizar com o Festival de Veneza. Aí surgiu o Grand Prix (Grande Prémio), que então premiava o melhor filme em competição no certame. Mas em 1955 nasceu o agora icónico prémio Palma d'Ouro e que premiou um filme de expressão norte-americana: Marty, de Delbert Mann.
Assim permaneceu até 1964 quando, devido a problemas de direitos de autor, a Palma d’Ouro foi novamente substituída pelo Grand Prix, para ser novamente reintroduzida em 1975 e ter permanecido até hoje como símbolo do Festival de Cinema de Cannes. A partir daí, a passadeira vermelha que adorna a Croisette tornou-se um palco privilegiado de estreia dos filmes de alguns dos actualmente melhores cineastas de sempre, com a Palma d’Ouro a reflectir o imaginário de milhões de cinéfilos em todo o mundo, como símbolo do melhor cinema que se faz em todo o mundo. Cinquenta e quatro Palmas d’Ouro depois, o CCOP ousou experienciar a possibilidade de trabalhar como uma espécie de júri de Cannes e humildemente tentou encontrar os melhores entre os melhores.
De uma longa votação entre todas as Palmas d’Ouro já atribuídas (excepto a de 2013, La vie d'Adèle, ainda inédita no nosso país e que só veremos a 21 de Novembro) apresentamos de seguida aqueles que foram considerados os melhores filmes premiados com tal prémio. Começamos da décima à quarta posição:
«Memorável e visceral, o realismo e a violência com que somos confrontados, fazem desta uma das obras mais marcantes do cinema do século XX. O desempenho de Robert De Niro como Travis Bickle é tão extraordinário quanto incómodo. A crueza, intensidade, densidade e alucinação com que interpreta esta personagem torna-o também num dos mais míticos actores e personagens da História do Cinema. Retrato sociológico e determinante dos anos 70 nos Estados Unidos, pode ser visto ainda hoje em dia como uma reacção à sociedade contemporânea.»
De uma longa votação entre todas as Palmas d’Ouro já atribuídas (excepto a de 2013, La vie d'Adèle, ainda inédita no nosso país e que só veremos a 21 de Novembro) apresentamos de seguida aqueles que foram considerados os melhores filmes premiados com tal prémio. Começamos da décima à quarta posição:
O décimo lugar é ocupado por um popular The Pianist e sucedido pelo extraordinário Secrets & Lies. Já na oitava posição, uma das mais recentes Palmas d'Ouro: Amour que fez um percurso brilhante no festival como fora dele e que tornou Michael Haneke um dos poucos realizadores a receber duas vezes o prémio máximo do certame. No sétimo lugar, o italiano Federico Fellini e La Dolce Vita antecedem a Quentin Tarantino e Pulp Fiction. O quarto lugar é dividido entre uma entrada menos conhecida (mas não menos interessante para os membros do CCOP), o filme soviético The Cranes are Flying e The White Ribbon, a primeira Palma d'Ouro de Michael Haneke. Este último é o único realizador a contar com dois filmes no TOP 10 deste especial.
«Vencedor da Palma de Ouro em 1963, "O Leopardo" foi uma super produção à época e tornou-se uma das obras mais conhecidas de Visconti, mesmo não tendo sido bem recebida na altura. Mais do que um retrato ficcionado das convulsões sociais de um determinado período histórico, é o retrato de um homem que assiste ao desaparecimento do seu mundo. A coroar este deslumbrante filme, um daqueles casos raros em que a versão cinematográfica iguala o livro, temos um Burt Lancaster em excelente forma.»
Miguel Ferreira, Shut up and watch the movies
«Memorável e visceral, o realismo e a violência com que somos confrontados, fazem desta uma das obras mais marcantes do cinema do século XX. O desempenho de Robert De Niro como Travis Bickle é tão extraordinário quanto incómodo. A crueza, intensidade, densidade e alucinação com que interpreta esta personagem torna-o também num dos mais míticos actores e personagens da História do Cinema. Retrato sociológico e determinante dos anos 70 nos Estados Unidos, pode ser visto ainda hoje em dia como uma reacção à sociedade contemporânea.»
Tiago Ramos, Split Screen
«Apocalypse Now é ainda o maior espectáculo sobre a monstruosidade jamais feito. É Ópera e Shakespere ao mesmo tempo, um filme de culto que acarreta consigo uma forte ressonância da cultura pop americana; porque o horror e a selvajaria não se limitam ao pântano mas à própria nação do criador. É a beleza e a perversidade, é o surrealismo e a autenticidade. É a insanidade de uma guerra espelhada na loucura de um homem. Uma jornada tão divertida quanto brutal, numa guerra contra não se sabe bem o quê nem porquê.»
Miguel Reis, Cinema Notebook
«Obra-prima incontestável da história do cinema, Apocalypse Now explora não apenas o horror da guerra mas a insanidade negra e latente da psique humana. Fá-lo na perfeição enquanto filme sobre a guerra do Vietname e viagem alegórica até às profundezas da alma humana, capturando o caos de qualquer guerra – e daquela, em particular. Acaba por fazer sentido que Coppola e a sua equipa tenham passado por uma espécie de inferno para fazer este filme, e o facto de terem criado uma obra-prima visionária só torna tudo mais impressionante e histórico.»
Pedro Ponte, Ante-Cinema
1.
Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola | 9,602.
Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese | 9,333.
Il Gattopardo (1963), de Luchino Visconti | 9,174.
4.
The White Ribbon (2009), de Michael Haneke | 9,006.
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino | 8,927.
La Dolce Vita (1960), de Federico Fellini | 8,898.
Amour (2012), de Michael Haneke | 8,559.
Secrets & Lies (1996), de Mike Leigh | 8,5010.
The Pianist (2002), de Roman Polanski | 8,4611.
Entre les murs (2008), de Laurent Cantet | 8,4412.
O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte | 8,3313.
The Piano (1993), de Jane Campion | 8,2714.
Farewell My Concubine (1993), de Chen Kaige | 8,1715.
Elephant (2003), de Gus Van Sant | 8,0816.
Orphée Noir (1959), de Marcel Camus | 8,0016.
All That Jazz (1980), de Bob Fosse | 8,0016.
Missing (1982), de Costa-Gavras | 8,0016.
Den Goda Viljan (1992), de Bille August | 8,0016.
Eternity and a Day (1998), de Theo Angelopoulos | 8,0016.
La stanza del figlio (2001), de Nanni Moretti | 8,0022.
The Tree of Life (2011), de Terrence Malick | 7,9223.
4 Months, 3 Weeks and 2 Days (2007), de Cristian Mungiu | 7,9124.
Taste of Cherry (1997), de Abbas Kiarostami | 7,8825.
Marty (1955), de Delbert Mann | 7,8026.
Barton Fink (1991), de Joel e Ethan Coen | 7,7827.
Viridiana (1961), de Luis Buñuel | 7,7527.
Kagemusha (1980), de Akira Kurosawa | 7,7527.
27.
Unagi (1997), de Shohei Imamura | 7,7527.
The Wind That Shakes The Barley (2006), de Ken Loach | 7,7532.
33.
34.
Sex, Lies, and Videotape (1989), de Steven Soderbergh | 7,6035.
Dancer in the Dark (2000), de Lars von Trier | 7,6036.
L'enfant (2005), de Luc e Jean-Pierre Dardenne | 7,5737.
Pelle enrobreren (1988), de Bille August | 7,5037.
Rosetta (1999), de Luc e Jean-Pierre Dardenne | 7,5039.
The Mission (1986), de Roland Joffé | 7,4040.
Narayama Bushiko (1983), de Shohei Imamura | 7,3340.
42.
Fahrenheit 9/11 (2004), de Michael Moore | 7,0043.
Wild at Heart (1990), de David Lynch | 6,5644.
Sous le soleil de Satan (1987), de Maurice Pialat ! 6,2045.
Friendly Persuasion (1957), de William Wyler | 6,00Filmes abaixo da amostragem dos 20%
-
Le monde du silence (1956), de Jacques-Yves Cousteau e Louis Malle | 8,50-
L'arbero degli zoccoli (1978), de Ermanno Olmi | 8,00-
Man of Iron (1981), de Andrzej Wajda | 8,00-
Une aussi longue absence (1961), de Henri Colpi | 7,00-
Chronique des années de braise (1975), de Mohammed Lakhdar-Hamina | 7,00-
Padre Padrone (1977), de Paolo Taviani e Vittorio Taviani | 7,00-
Yol (1982), de Yilmaz Güney | 7,00Filme mais popular (maior amostragem)
-
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino (100%)-
The Pianist (2002), de Roman Polanski (100%)-
Fahrenheit 9/11 (2004), de Michael Moore (100%)-
The Tree of Life (2011), de Terrence Malick (100%)Filme mais controverso (maior diferença entre a nota máxima e a nota mínima)
-
4 Months, 3 Weeks and 2 Days (2007), de Cristian Mungiu (7 pontos)Pior filme (menor nota média em filmes com amostragem superior a 20%)
-
Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives (2010), de Apichatpong Weerasethakul | 5,88Filme com a maior nota individual (filmes com amostragem superior a 20%)
-
Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola (Nota 10: sete ocorrências)-
Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese (Nota 10: sete ocorrências)-
Il Gattopardo (1963), de Luchino Visconti (Nota 10: três ocorrências)-
The White Ribbon (2009), de Michael Haneke (Nota 10: três ocorrências)-
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino (Nota 10: três ocorrências)-
The Tree of Life (2011), de Terrence Malick (Nota 10: três ocorrências)-
Amour (2012), de Michael Haneke (Nota 10: duas ocorrências)-
The Pianist (2002), de Roman Polanski (Nota 10: duas ocorrências)-
Elephant (2003), de Gus Van Sant (Nota 10: duas ocorrências)-
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La Dolce Vita (1960), de Federico Fellini (Nota 10: uma ocorrência)-
Secrets & Lies (1996), de Mike Leigh (Nota 10: uma ocorrência)-
Entre les murs (2008), de Laurent Cantet (Nota 10: uma ocorrência)-
The Piano (1993), de Jane Campion (Nota 10: uma ocorrência)-
All That Jazz (1980), de Bob Fosse (Nota 10: uma ocorrência)-
Den Goda Viljan (1992), de Bille August (Nota 10: uma ocorrência)-
The Mission (1986), de Roland Joffé (Nota 10: uma ocorrência)Filme com a menor nota individual (filmes com amostragem superior a 20%)
-
4 Months, 3 Weeks and 2 Days (2007), de Cristian Mungiu (Nota 2: uma ocorrência)
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